Grito

Peguei no carro, numa manhã de nevoeiro e fiz-me à estrada
percorri kilometros sem sentido,
a pensar na Vida e na vontade que tinha de fugir,
fugir de ti e de mim,
fugir dos outros,
fugir das preocupações e insignificâncias do viver...
Guiava com a ideia de que deveria parar em algum lado,
mas ainda não sabia onde e esperava um sinal,
um sinal que só eu pudesse decifrar...
O rádio dava-me aquele Oxigénio que me vicia,
mas que não me permite respirar,
as músicas trazem-me recordações
dos pequenos momentos que fazem a Vida grande...
Durante a viagem pensava,
na dificuldade de concretizar os sonhos
na dor de amar
no medo de ser adulto
na mesquinhez humana
nos momentos em que nos podemos entregar e temos medo
na importância que o dinheiro tem para obter alguma coisa
no teu sorriso e como isso me alegrava a alma...
Olhei pela janela e vi aquela praia de areia branca com um mar cristalino de tanto azul,
uma praia de sonho materializada perante mim,
senti que era aqui que devia chegar...
Percorri a areia com os pés descalços, sentindo-me leve
o sol tocava-me nas costas, aquecendo-me por dentro
o meu olhar não deixava aquele azul do mar
não existiam ondas, apenas leves murmúrios de espuma...
Entrei no mar... nú... sem amarras... sem preocupações,
senti-me leve pela primeira vez na minha vida,
embrenhei-me mais até ficar com a agua pelo pescoço
sem parar...
Por fim, parei e Gritei!!
Abri a boca e soltei um Grito intenso, profundo
Um Grito que veio da alma, tão doloroso como uma pintura de Munch
Quando o Grito acabou era apenas EU...
Olhei para trás, a praia estava deserta
Sorri
Sem mágoa, sem arrependimento
Deixei-me ir
Eu nunca pertenci aqui
Carpe Diem.

1 Almas Indecentes Comentaram:

    On 3 de junho de 2009 às 23:25 Anónimo disse...

    Atão e que tal percorreres esses kilometros até Setubal e decidir levar umas amigas, comer num tal de restaurante de peixe e vir caminho de volta a Lx aos zigue-zagues????????? ;D

     

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